Pesquisar este blog

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Curiosidades sobre Pompeii

Romano, como todo bom guia, não era de todo inútil. Contou-nos algumas coisas bacanas e nos levou a lugares inusitados de Pompeii. Por exemplo, a cidade, por ser um porto importante do período, contava com 22 lupanários (leia-se puteiro), e ao lado da maioria havia uma farmácia onde se vendiam preservativos feitos de tripas de porco.
Nesses lugares até hoje existem imagens sexuais gravadas nas paredes (lembram gravuras do kama sutra), que serviam como cardápio para os clientes, que na maioria não sabiam ler nem falavam a mesma língua das “lobas” locais.
Cidades como Nápoles, Pompeii, Ercolano, Sorento e outras da região foram fundadas por dissidentes gregos da guerra de Tróia, que cansados de fechar o pau entre si, resolveram fugir para o Mediterrâneo. Isso explica a arquitetura e existência de divindades gregas espalhadas por toda a cidade de Pompeii.

Essa imagem estava nm depósito aberto a visitação.


Um dos principais "corpos" expostos em Pompeii.


Parte do "Cardápio" dos lupanários de Pompeii.


As imagens são toscas, mas dá muito bem para uma comunicação básica.


Isso era para ser uma cama. No lupanário que visitei havia cinco quartos e um banheiro. Os cidadãos daquela época eram menores que somos hoje em dia, por isso dos leitos diminutos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Porque a televisão me deixou burro, muito burro demais

É impressionante o quanto a TV decepciona a gente. Eu me lembro claramente de um documentário que assisti sobre as centenas de corpos conservados pelas cinzas da cidade histórica de Pompeii, destruída em uma erupção do vulcão Vesúvio no ano 79 depois de Cristo. Por anos mantive na memória a imagem extraordinária das pessoas carbonizadas pelas cinzas quentes, na maioria mortas antes mesmo da chegada da fuligem, graças à nuvem de gazes tóxicos exalados durante a erupção.

Lembro que assisti ao documentário pouco tempo depois de ver pela primeira vez o VHS do Live at Pompeii, que me deixou tentado a conhecer o lugar. Não via nada mais incrível que o som do Pink Floyd ecoando por uma cidade fantasma encravada no vale de um vulcão assassino. Por anos sonhei com esse encontro.

Como todas as semanas ancoramos em Nápoles, distante 30 km de Pompeii, essa semana ajustei minha agenda e resolvi cumprir um daqueles itens que se coloca na lista de coisas para fazer antes de morrer (a minha tem diminuído drasticamente, isso me preocupa). Fui com o grupo ítalo-espanhol de excursão da MSC. Saímos por volta das 8h30 rodando por uma estrada que liga as duas cidades ouvindo atentamente as informações do guia. Interessante descobrir que foram mais de nove cidades destruídas pelo Vesúvio naquele fatídico ano, sendo que uma delas, Ercolano, foi totalmente coberta pela lava. Hoje no local uma nova Ercolano foi reerguida sobre a montanha que se formou sobre a antiga. Já Pompeii era a maior de todas e também a mais distante, 13 km ao sul do vulcão, que expeliu lava apenas na face oeste. A cidade era o principal porto da região, por onde passavam mercadores de várias partes do mundo.

Na época Pompeii ficava a 1,5 km do mar Mediterrâneo. Hoje fica a mais de cinco, graças a um fenômeno que acontece na região, que também é responsável por algumas aberrações como um monte de 40 e poucos metros que dizem ter surgido da noite para o dia. Lógico que botaram uma igreja no alto dele!

Na erupção estima-se que morreram mais de cinco mil pessoas, as últimas que demoraram a fugir da nuvem de gás, expelida durante o segundo dos três dias de atividade matadora do Vesúvio, até hoje considerado um dos cinco vulcões mais perigosos do mundo por continuar em atividade e ter a sua principal cratera fechada por toneladas de rocha. Uma bomba relógio!

Didática a parte e voltando ao meu sonho floydiano de conhecer Pompeii confesso que estava até eufórico com a realização. Cheguei ao lugar ouvindo o Live at Pompeii esperando encontrar pelas ruas quaisquer “Echoes” setentistas. Contudo, a quantidade de turistas falando alto e gritando acaba com a possibilidade de se ouvir qualquer coisa. Às vezes não se escuta os próprios pensamentos. As ruínas são fantásticas, embora bem diferentes do que eu imaginava. Por estar com o grupo não tive a liberdade de andar curtindo as coisas que me pareciam mais interessantes.

Depois de mais de duas horas cameleando debaixo do céu sem nuvens do sul da Itália, e já cansado das piadas sem graça do Romano, nosso guia, um professor de história que não parava de fumar um charuto dos mais nojentos que já vi (era fácil não se perder, bastava seguir o olfato), chegamos à esperada zona dos corpos preservados. Não faço o tipo que gosta de ver desgraça e carne moída, normalmente passo de cabeça virada em acidentes na estrada, mas estava ansioso por ver uma maravilha macabra esculpida há mais de dois mil anos pela própria natureza. Entretanto, um pouco antes de sair da Via dell' Abbondanza, uma das principais ruas de Pompeii, o guia nos chamou e revelou que na verdade não existem nem nunca existiram corpos preservados , mas apenas moldes de gesso, feitos por meio de uma técnica que introduziu o material nas formas deixadas pelos cadáveres prensados entre duas camadas de cinzas condensadas do vulcão.

Não precisa nem comentar a frustração com a qual fotografei os tais moldes nas caixas de vidro. Tudo bem que isso é uma relíquia, até porque não são estátuas, mas imagens esculpidas pelos próprios mortos, uma vez que os arqueólogos apenas usaram tubos de vidro para injetar o gesso nas fendas, mas a graça não é a mesma. Senti-me completamente enganado. Se tivesse pago a entrada acho que teria vontade de pedir o dinheiro de volta (o ticket para o parque arqueológico custa 11€, não paguei por hipoteticamente estar a trabalho). Como os documentaristas puderam mentir dessa forma? Beira a canalhice. Senti-me um marido traído, daqueles que quase choram e no final acabam achando graça da coisa. Pior é que nem pude ir ao anfiteatro onde o Floyd tocou porque fica muito longe do percurso principal dos turistas (Pompeii tem aproximadamente 4km²). Mas isso eu compenso na próxima ida, que não deve demorar, graças a Deus as ruínas, diferente do GP de Mônaco, não acontecem apenas uma vez no ano.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Apenas palavras

Para quem ainda não sabe, neste momento, enquanto escrevo, viajo pelo Mar Mediterrâneo a bordo de um navio de cruzeiros no qual trabalho como fotógrafo. Das viagens já surgiu um diário de bordo, que, se a profecia se cumprir, resultará em um livro. O segundo empreendimento comunicacional é este blog e pretendo ainda fazer uma série de podcasts. Porém, esse último objetivo ainda está distante.

O bacana desta coisa de trabalhar em navio é que você fica submetido, mesmo que sem querer, a uma dezena de culturas muito diferentes da sua. É gente de todas as partes do globo, umas tão remotas que nem se tem consciência da geografia do lugar. Só para ter uma idéia, na minha equipe de trabalho somos nove pessoas, sendo uma extrema exceção o fato de sermos três brasileiros. Os seis restantes vêm da Hungria, Montenegro, Bulgária, Itália, El Salvador e Honduras. Ademais, no bar em frente à loja de fotos existem duas garçonetes romenas, uma balinesa e uma filipina. Os bartenders se dividem em um indiano e outro croata.

Essa mistura toda muitas vezes resulta em uma verdadeira babel de línguas e comportamentos que chegam a gerar pequenos conflitos. Contudo, é impressionante a gama de informação que se pode adquirir convivendo com todas essas figuras. Nos cinco meses que estou a bordo neste contrato já descobri que a economia de Ilhas Samoa sobrevive basicamente do turismo e agricultura, assim como que nem todo nepalês já viu o Everest.

Nesse amálgama de nacionalidades aprendi algumas palavras em outros idiomas. A maioria se restringe ao bom dia, obrigado e essas coisas. É clássico aprender pelo menos um palavrão, tanto que já sei como xingar em pelo menos 10 línguas diferentes, isso sem repetir o conteúdo do xingamento. Porém, o importante de observar o problema das línguas é que no meio dos tripulantes há a comunicação com os passageiros, que precisa ser muito mais útil e construtiva. Nessa leva aprendi a dizer os preços das fotos e a dar instruções na hora de fazer a fotografia em pelo menos mais cinco idiomas.

Numa dessas noites de bate-papo com meu companheiro de cabine, outro brasileiro, chegamos a conclusão que não se precisa falar perfeitamente para se fazer entender em termos básicos, o que já é o suficiente para uma sobrevivência, o que talvez explique aventureiros conseguirem vencer em países estrangeiros chegando sem nem pronunciar uma palavra na língua local. Tanto que é comum comprar porcarias tecnológicas em lojas de indianos e comer em lanchonetes chinesas em qualquer parte do mundo.

Vagamente ainda se houve falar do esperanto, que exceto por comunidades insurgentes do Orkut, já deixou de ser uma opção real para a comunicação. Até porque o inglês já cumpre esse papel de maneira muito eficaz. Não vejo motivos para não aceitar o idioma bretão, uma vez que é língua de gramática mais fácil que se pode imaginar e que só não é perfeita porque remete diretamente ao imperialismo americano, tão combatido em todo o mundo. Porém, é interessante que se saiba. Assim como é fundamental saber trocar palavras, cordiais ou não, em outras línguas menos conhecidas. Por mais que isso às vezes não ajude, pelo menos não atrapalha.