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domingo, 25 de outubro de 2009

Sermão do Padre Beto

Nessas semanas que estou em Bauru acabei por frequentar a Paróquia Universitária aqui perto de casa. A experiência foi melhor que eu esperava pela presença do Padre Beto, um profissional da religião como poucos que já vi. Interessante dar uma sacada nas prédicas que ele faz nas missas, sempre lotadas, não importando o calor insuportável dentro da Igreja.
O texto a seguir eu extraí do site dele www.padrebeto.com.br do sermão do último dia 25.

Mc 10, 46-52


A nossa vida é uma construção. Nós somos primeiro construídos, construídos pela nossa carga hereditária, pelo meio ambiente, pela educação que recebemos de nossos país, pela escola que freqüentamos, pelas experiências que vivenciamos nos primeiros anos de vida. A partir de um determinado momento começamos a nos transformar de construídos para construtores de nossa vida. À medida que vamos fazendo nossas próprias escolhas e tomando atitudes próprias vamos construindo nosso ser, nossa existência e modificando nosso meio ambiente. A letra “C” de construção representa visualmente este início. Ela já existe, mas é uma letra aberta. O que irá se desenvolver a partir desta abertura depende de nós e de nossa interação com as situações da vida. A força motora que nos move para a transformação de nosso ser e nos faz assumir a direção de nossa vida é o que chamamos de fé. Justamente este tema é trabalhado na passagem de Mc 10, 46-52. Nela encontramos duas posições importantíssimas. Em primeiro lugar, o cego Bartimeu grita para Jesus. Bartimeu não se acomoda em sua situação de cego e mendigo, ele vai além. Em seu grito está a força que o move para uma transformação. Bartimeu poderia se acomodar com justificativas do tipo: este é o meu destino, Deus quis assim... Mas não, Bartimeu grita. Em segundo lugar encontramos Jesus que houve a manifestação de Bartimeu e proclama algo fundamental: “Vai, a tua fé te curou!” Jesus poderia ter dito: “Vai, eu te curei, acredite em mim!” Jesus não se coloca acima de Bartimeu, mas procura curar a sua cegueira existencial. Procura esclarecer que a força que lhe curou foi sua fé, sua vontade profunda de mudança.

A fé, antes de mais nada, é algo que nos move para a transcendência, para um movimento que nos levar a ir além do que somos. Porém, desta fé é extremamente perigosa, pois, como os sentimentos, ela é a princípio cega. A fé pode estar depositada em qualquer conteúdo, seja este bom ou ruim. Hitler, por exemplo, foi um homem de muita fé. Tanta fé em sua ânsia de poder que acabou sendo um monstro perfeito e causando uma grande monstruosidade. Os mulçumanos que se mataram no famoso 11 de setembro ao se atirarem nas torres gêmeas foram homens de muita fé. E até hoje existem pessoas que depositam sua fé em conteúdos alienantes que fazem com que elas vivenciem uma verdadeira fuga da realidade. Justamente por isso que ganhamos Jesus como paradigma, como exemplo. Nele encontramos um conteúdo universal de direciona a nossa fé para a construção de vida para todos. Mas, é necessário compreender que direcionar a fé através deste conteúdo é possuir atitudes concretas de vida e através destas nos aproximamos da convivência de Deus. Nem todo aquele que diz “senhor, senhor” entrará no Reino dos Céus e uma fé sem obras é morta. A convivência com Deus, por sua vez, nos faz ver com mais profundidade o que deve ser modificado em nossa vida individual e social e assim vivemos uma “roda vida” que nos faz ser verdadeiros furacões que desconstroem o que está errado e constrói uma nova terra e um novo céu. A dialética do cristão é constante interação entre atitudes concretas e a convivência de Deus alimentando nossa fé na construção de um mundo mais justo e mais fraterno.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Independência que conquista

Todos sabem que homens e mulheres são diferentes. Começando pela formação genética, elas XX e nós XY, mostrando que desde o ventre que divergimos. Pós-parto virão os complexos, nós Edipianos e elas Electras. Na escola as conversas, intimidades e pormenores irão, aos poucos, tornando-nos cada vez mais distantes, o que, dizem os especialistas, é o que na verdade nos aproxima.

Agora é na idade adulta que começamos a nos estudar e perceber alguns lugares comuns em cada um, coisas que adoramos apontar sempre que a oportunidade bate à porta. Não sei em qual livro está escrito que as mulheres possuem visão de lateralidade mais ampla que a dos homens, que, por sua vez, enxergam mais precisamente em profundidade. Esta seria uma das explicações para a nossa maior facilidade em momentos de trânsito, como a baliza por exemplo.

Outra compensação para elas é a imensa gama de cores, conhecem um zilhão. Enquanto um homem que se preze reconhece as primárias e secundárias, acrescentando aí, no máximo, os tons claros e escuros. Talvez por isso caiba às mulheres o dever de tornar a nossa vida mais colorida. Mas não é esse o rumo que quero dar à prosa.

As nossas diferenças extrapolam o físico e comportamental e migram para espaços divergentes. Impressionante essa coisa de universo masculino e feminino. Dia desses almocei com uma amiga e depois a acompanhei a algumas lojas de ferramentas e produtos elétricos por conta da sua mudança de apartamento. Dica: quer ver uma mulher perdidinha, larga ela no meio de uma loja de parafusos. Aí a experiência irá depender muito da sua companhia. No meu caso, foi algo cômico e ao mesmo tempo “bonitinho”. É que o charme e a simpatia da minha amiga conseguiam dar um toque feminino até a uma loja de ferragens. Acho que levarei anos até perder a consciência do que significa “parafuso número onze moço!”. A clássica chave Philips hoje tem um mistério que teimo por ainda descobrir, e confesso que tem uma luminosidade diferente entre as lâmpadas eletrônicas de 15 e 20 watts.

Outra coisa curiosa é a reação dos vendedores. A cada pergunta óbvia feita pela moça eles viravam para mim, logicamente esperando que eu tomasse as rédeas das compras, assumindo a posição de ‘macho alfa’ de uma provável relação. Não os condeno por isso. Em uma loja de produtos de beleza ela seria o alvo dos olhares. Machismo declarado por parte de uma classe que ainda não percebeu a evolução das mulheres como seres totalmente independentes de nós homens, que a cada ano tornamo-nos mais supérfluos, objetos de desejo e desprezo. Ou não. Já decidi que nosso próximo teste será numa borracharia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A vingança

Achei muito interessante a atitude do cantor folk americano Dave Carroll, que produziu duas músicas e dois vídeo clipes descendo o pau na United Airlines. A ação do cara foi motivada pela recusa da United em assumir a responsabilidade pela quebra do seu violão Taylor, avaliado em quase R$ 7.000,00, durante uma conexão que o cantor fez para uma apresentação. Depois de vários meses de negociação a empresa disse qua não poderia fazer nada e ele respondeu de pronto que faria três músicas contando o fato. Duas já foram lanças e a terceira já está saindo. Toda a história pode ser encontrada em seu site oficial. A seguir o primeiro vídeo, divertidíssimo.

Unitied Breaks Guitars

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Por um mundo mais limpo

Nas últimas semanas estive envolvido com um evento mundial de limpeza de rios e praias, organizado anualmente pela Ocean Conservancy e coordenado na minha região pela Katia Sousa, que é a delegada da ONG.
O ICC, INternational Coastal CleanUP, nome gringo do evento, foi feito em Riomafra, Fazenda Rio Grande, Maringá e Marília. Eu dei minha contribuição voluntária como fotógrafo oficial e ajudando na assessoria de imprensa da coisa.
É bacana envolver-se com projetos como esse para ter uma idéia real de como são muitas pessoas e os meios em que convivem. Hoje, após finalizados os quatro finais de semana em que rodamos limpando rios e córregos é possível citar pontos altos e baixos.
Altos:
- A participação massiva de voluntários que arregaçam as mangas e vão para as beiras de rios enfrentar cheiros desagradáveis, condições adversas e até ataques de abelhas africanas para ajudar.
- O apoio incondicional de algumas empresas e ONG's que entram com mão-de-obra e dinheiro para ver o projeto concretizado.

Baixos:
- A palhaçada do Grupo Escoteiro Falcão Negro, de Rio Negro, que se recusou a conceder a sede para a realização do evento. Não bastasse o gesto pouco nobre de uma associação que se diz educativa, que além de não participar de um ato pró-natureza ainda não possibilitou melhor logística para o evento, o grupo tentou desviar a atenção de seu individualismo com invensionisses na imprensa local.
- A politicagem envolvida no ato. Em Maríngá e Marília os politiqueiros de plantão fizeram do ato um palanque. Em Marília o Secretário de Meio Ambiente chegou ao cúmulo de dizer que o ICC era um projeto da Prefeitura e que os demais era parceiros convidados por ele. Até o Orestes Quércia (que eu pensava já ser finado há anos)resolveu dar as caras na beira da represa buscando notoriedade para sua campanha ao Senado em 2010.
- Em Fazenda Rio Grande o prefeito foi pessoalmente ajudar, mas usou o tempo que pode para fazer sua política populista, já em Rio Negro e Mafra nenhum apareceu. Ok não ajudaram e não atrapalharam o que foi bom. Feio foi a postura do prefeito Alceu Ricardo Swarowski que reclamou quando um jornal local cobrou a não participação dos executivos no evento. Aliás, o prefeito de Rio Negro é recorrente em reclamar de qualquer coisa que não seja elogios à sua administração ou seu município, que não são tão bons quanto ele imagina.

Apesar dos pesares valeu a luta e ano que vem haverá outro ICC, afinal, a natureza está precisando de uma ajuda e a causa é bem maior que as picuinhas dessas figuras míticas da fauna brasileira, os políticos e líderes de grupos. A todo que participaram o nosso muito obrigado.