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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Isto aqui ô, ô!! É um pouquinho de Brasil iá, iá...

Nápoles tem mais de um milhão de habitantes, embora se pareça com uma vila mal organizada. Caótica, a cidade tem muito a oferecer em termos de história e arquitetura - classicista e bem acabada, que fazem valer a visita. Fundada, como eu já citei em outro texto, por dissidentes da Guerra de Tróia que não aguentavam mais quebrar o pau, Nápoles já foi invadida e tomada um zilhão de vezes. Até os espanhóis já se assentaram por aqui nos idos de 1500. Com a unificação da Itália, em mil oitocentos e qualquer coisa, o território passou a ser italiano e ponto.

Mas bem que Nápoles poderia ser considerada como uma filial do Rio de Janeiro, guardadas as devidas proporções no que tange a parte natural das duas. Isso porque napolitano e carioca andam ali. Tanto no que se refere à formosura das meninas de cabelos escuros quanto ao jeito marrento e esperto de ser dos homens. Napolitano acha que sempre pode levar uma vantagem, assim como 90% dos cariocas que eu já conheci. Até o chiado no “xis” (ou s) do sotaque é bem parecido (ah, napolitano que se preze não fala italiano, mas seu dialeto local). E tem que falar alto, quase gritando. Em compensação, muitos dos caras bacanas no navio normalmente são napolitanos, distribuindo simpatia e fanfarrice divertida aos quatro ventos. São duas características marcantes.

De todo o roteiro que faço com fotógrafo em navio de cruzeiros - Livorno, Monte Carlo, Valência, Ibiza, Tunis, Catânia e Nápoles, essa última é a única na qual não posso sair com minha câmera. Outra semelhança com o RJ, que era a folga semanal do meu equipamento durante a temporada sul americana. Contudo, é importante contar que aqui também é a ‘Ciudad del Leste’ do Mediterrâneo. Você pode comprar qualquer coisa com preço mais barato em Nápoles. Mas com o mesmo cuidado que um homem nu deve ter ao pular uma cerca de arame farpado. Ao sair do porto todas as semanas não é preciso caminhar mais de uma quadra até que um cara qualquer em uma scooter encoste oferecendo i-phone por preço irrisório. Armadilha que pega muito consumista desprevenido. Regra de Nápoles: não se compra nada na rua.

Como nem tudo é desgraça, Nápoles é o lugar para se comer pizza na Itália. Tanto que na maioria das cidades italianas as pizzarias napolitanas são os pontos comuns de ataque gastronômico. É impossível estar aqui e não mandar ver numa marguerita, regada a muito azeite de oliva, saboreada com um bom vinho tinto. E é barato. Uma pizza inteira, do tamanho de uma média no Brasil, que se deve comer sozinho, custa em torno de €5. E não se pode ignorar o bom café, servido logo após. Vale lembrar que café na Itália equivale ao nosso expresso. É forte e curto. Um tiro na cabeça para quem precisa acordar.

Falando em tiro, a máfia napolitana até hoje dá muito o que falar, mais ou menos o que os comandos cariocas fazem com os morros do Rio. Muita gente ainda morre pelas mãos dos mafiosos daqui, que também são tema recorrente do cinema italiano. Um dos filmes mais famosos é “Camorra”, que se passa em um bairro realmente invadido pelos moradores e no qual nem a polícia tem coragem de entrar.

E as coincidências são tantas que considerá-las como mera semelhança é afrontar a irmandade que une essas duas distantes cidades.

Ps. Esse texto eu resolvi reeditar e postar novamente já que ele também foi publicado na minha coluna na Revista MAIS.

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