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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Apenas palavras

Para quem ainda não sabe, neste momento, enquanto escrevo, viajo pelo Mar Mediterrâneo a bordo de um navio de cruzeiros no qual trabalho como fotógrafo. Das viagens já surgiu um diário de bordo, que, se a profecia se cumprir, resultará em um livro. O segundo empreendimento comunicacional é este blog e pretendo ainda fazer uma série de podcasts. Porém, esse último objetivo ainda está distante.

O bacana desta coisa de trabalhar em navio é que você fica submetido, mesmo que sem querer, a uma dezena de culturas muito diferentes da sua. É gente de todas as partes do globo, umas tão remotas que nem se tem consciência da geografia do lugar. Só para ter uma idéia, na minha equipe de trabalho somos nove pessoas, sendo uma extrema exceção o fato de sermos três brasileiros. Os seis restantes vêm da Hungria, Montenegro, Bulgária, Itália, El Salvador e Honduras. Ademais, no bar em frente à loja de fotos existem duas garçonetes romenas, uma balinesa e uma filipina. Os bartenders se dividem em um indiano e outro croata.

Essa mistura toda muitas vezes resulta em uma verdadeira babel de línguas e comportamentos que chegam a gerar pequenos conflitos. Contudo, é impressionante a gama de informação que se pode adquirir convivendo com todas essas figuras. Nos cinco meses que estou a bordo neste contrato já descobri que a economia de Ilhas Samoa sobrevive basicamente do turismo e agricultura, assim como que nem todo nepalês já viu o Everest.

Nesse amálgama de nacionalidades aprendi algumas palavras em outros idiomas. A maioria se restringe ao bom dia, obrigado e essas coisas. É clássico aprender pelo menos um palavrão, tanto que já sei como xingar em pelo menos 10 línguas diferentes, isso sem repetir o conteúdo do xingamento. Porém, o importante de observar o problema das línguas é que no meio dos tripulantes há a comunicação com os passageiros, que precisa ser muito mais útil e construtiva. Nessa leva aprendi a dizer os preços das fotos e a dar instruções na hora de fazer a fotografia em pelo menos mais cinco idiomas.

Numa dessas noites de bate-papo com meu companheiro de cabine, outro brasileiro, chegamos a conclusão que não se precisa falar perfeitamente para se fazer entender em termos básicos, o que já é o suficiente para uma sobrevivência, o que talvez explique aventureiros conseguirem vencer em países estrangeiros chegando sem nem pronunciar uma palavra na língua local. Tanto que é comum comprar porcarias tecnológicas em lojas de indianos e comer em lanchonetes chinesas em qualquer parte do mundo.

Vagamente ainda se houve falar do esperanto, que exceto por comunidades insurgentes do Orkut, já deixou de ser uma opção real para a comunicação. Até porque o inglês já cumpre esse papel de maneira muito eficaz. Não vejo motivos para não aceitar o idioma bretão, uma vez que é língua de gramática mais fácil que se pode imaginar e que só não é perfeita porque remete diretamente ao imperialismo americano, tão combatido em todo o mundo. Porém, é interessante que se saiba. Assim como é fundamental saber trocar palavras, cordiais ou não, em outras línguas menos conhecidas. Por mais que isso às vezes não ajude, pelo menos não atrapalha.

Um comentário:

  1. Finalmente resolví visitar o blog do querido Rafael... Que mais uma vez se aventura nas desconhecidas águas (pelo menos a mim) do Mediterrâneo, e provavelmente deixando sua marca aonde passa...
    Enfim, gostei do blog, se existe algo que o Rafa faz bem, é escrever (porque o resto, sei lá...), e estamos na espera aqui no Brasil para seu triunfal retorno, que provavelmente contará com uma cerimônia na rampa do Palácio do Planalto em Brasília, com uma medalha concedida por Lula em pessoa... Ou um churrasco aqui em Curitiba mesmo, lá no Costelão 24 horas...
    Abraços, irmão, and keep us posted!!

    Juan Lucas Martínez

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